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Tirando Shakespeare, nenhum autor me dá tanto prazer representado no palco como Molière. Peças como A Escola de Mulheres, O Misantropo e O Avarento (maravilhosas), Médico à Força, O Doente Imaginário (sua derradeira e dramática interpretação, durante cuja interpretação viria a morrer), Tartufo, Don Juan, Casado à Força, O Burguês Fidalgo, O Cornudo Imaginário, a lista completa é infindável – mas dá conta do génio de Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673), seu nome verdadeiro. Contemporâneo de Racine, La Fontaine ou Corneille (e de Luís XIV), Molière contrariou a corrente mais clássica da dramaturgia anterior e emprestou à língua francesa o favor do seu génio. Fez rir. Era um sátiro em palco (porque foi um grande ator). Era um sátiro como autor; um colecionador de vícios, tiques, medos, horrores, traumas e hipocrisias da época – e de todas as épocas. Isso não retirava um pingo de generosidade às suas personagens (até ao ponto de ficarmos a amar as mais ridículas), um tom de beleza às suas críticas. Passam amanhã, sábado, 400 anos sobre o nascimento deste génio.
Da coluna diária do CM.
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