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Nos comentários televisivos ao debate entre Rui Tavares e André Ventura, ninguém pareceu ligar ao choque com que o líder do Chega anunciou “o caso da arte”, meu Deus, da arte que teremos “de devolver” aos países africanos caso o Livre ganhe um lugar no governo? Naturalmente, com esse tom de escândalo entre o rufião e a sacristia, imaginámos que, embaladas em contentores, seguiriam para Angola ou São Tomé as telas dos Painéis de São Vicente, as de Grão Vasco guardadas em Viseu ou de Josefa d’Óbidos resgatadas algures. Não são, como se sabe. Nisto, a culpa é também dos militantes tolinhos, e dos falsos progressistas de algibeira muito desejosos de serem heróis do anticolonialismo de última geração, que acham que estamos em França ou Inglaterra, que Mouzinho em África era um general de Napoleão a surripiar arte, e que temos de devolver frisos do Pártenon, papiros egípcios, colunas de Creta ou painéis de Xian. Para responder a meias tolices, Ventura achou que valia a pena ser tolo por inteiro. África não se moveu um milímetros; o Museu de Etnologia, coitado, treme de pavor.
Da coluna diária do CM.
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