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Na ordem das coisas não se devia morrer aos 56 anos, mas João Paulo Cotrim (1965-2021), criador da Abysmo, editora que fundou como um combate pelos livros que amava, morreu anteontem em Lisboa. Estava doente há tempos, internado num hospital – o que não me impede de o recordar como aquele amigo carregado de alegria, ironia ruidosa, vontade de viver, sempre disponível para encontrar um caminho no meio das ruínas em que isto tudo se transforma de vez em quando. Quando comecei a fazer programas de televisão, em 1995, a sua ajuda foi preciosa, porque era inteligente, franco e visionário. Foi o criador da Bedeteca de Lisboa, um sonho em que foi acompanhado por João Soares – e de muitos projetos ligados à BD, à ilustração e ao design. A minha recordação é pessoal (muitas conversas sobre a natureza da fé), mas passa também pelas suas crónicas, pelas suas qualidades como notável entrevistador (devem-se-lhe algumas das melhores entrevistas da revista ‘Ler’), como organizador de seja o que for a que quisesse dar vida e emprestar beleza e humor. Às vezes, os que partem levam quase tudo de nós.
Da coluna diária do CM.
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