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Tive de ir procurar ao fundo das estantes as Poesias Completas de S. João da Cruz, traduzidas pelo grande José Bento (Assírio & Alvim). A figura de S. João da Cruz (1542-1591), que nasceu numa família de judeus conversos, é das figuras mais luminosas e obscuras do século XVI espanhol e, junto com Santa Teresa de Ávila, de quem foi amigo e cúmplice, compõem uma espécie de terramoto místico e contemplativo no catolicismo oficial da época – ambos fundaram (Santa Teresa primeiro) as suas ordens, feminina e masculina, dos Carmelitas Descalços. Perseguido, preso e novamente perseguido pelos seus pares, S. João da Cruz é mais do que um arrebatado; a sua via para a perfeição passou pela poesia em dois títulos maiores, Noite Escura e Cântico Espiritual, este último uma reinterpretação do texto bíblico (Cântico dos Cânticos), que está presente em todos os seus versos, bem como uma releitura da poesia culta do renascimento italiano, raríssima de beleza. Passando hoje 430 anos sobre a sua morte, contemplemos como ele o que nos resta de escuridão, esse caminho que é necessário atravessar.
Da coluna diária do CM.
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