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José Carlos Barros, um premiado improvável.

por FJV, em 08.12.21

A atribuição de um prémio literário para textos inéditos (portanto, ainda não lemos o livro vencedor) deixa-nos sempre suspensos: e se é para fulano ou beltrano? Ou, pior ainda, e se é para um autor totalmente desconhecido, um estreante? No caso de José Carlos Barros, que ontem venceu o Prémio Leya, o nome não diz muito aos leitores portugueses. Conheci-o como poeta; com o tempo, os seus textos ganharam densidade, vida, maturidade e um gosto singular pelas suas memórias pessoais. Os livros mais recentes, Educação das Crianças e Penélope Escreve a Ulisses são obras notáveis que o confirmam como grande autor infelizmente ignorado. Como romancista, é autor de O Prazer e o Tédio e de Um Amigo Para o Inverno, duas narrativas de uma bravíssima melancolia — uma melancolia e um lirismo de que nunca se arrepende, o que revela uma grande coragem. O que eu aprecio bastante na prosa de José Carlos Barros é o conhecimento profundo das raízes, das montanhas, árvores, animais — bem como das penumbras que habitam o coração. O prémio Leya ganhou bastante em ser atribuído a este autor. 

Da coluna diária do CM.

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