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O Dr. Rendeiro ou porque está o país transformado num manicómio.

por FJV, em 24.11.21

Ao contrário do que se disse, o país não ensandeceu. O facto de uma parte dele ter paralisado – até de riso – ao assistir à entrevista em que João Rendeiro pediu um indulto, não significa que o país tivesse “perdido o juízo”, porque isso já aconteceu há muito. A pobre e abjeta endogamia lusitana dá nisto. O primeiro-ministro disse-o de forma elegante numa entrevista recente: “Ninguém está livre de ter um criminoso ao seu lado.” A frase tem sentido, porque Portugal é um país onde a classe dirigente se reproduz em rede, e onde há sempre um primo cruzado com um diretor-geral, e com um presidente de qualquer coisa, que por sua vez se cruzou com um banqueiro que se transformou num colecionador de arte ou num trampolineiro – é o desenho da nossa promiscuidade. Tanto melhor se tiver “a cultura” para limpar o currículo, porque a aura das artes cresce nos toutiços desta gente. Não há coisa que me meta mais impressão. Que o Dr. Rendeiro seja substituído, no coração de alguém, por três singelas cadelinhas – é coisa que me maravilha ao ponto de me pôr a chorar. Pelo país, naturalmente.

Da coluna diária do CM.

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