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Tudo o que se disser sobre a poesia de António Osório (1933-2021), que morreu na passada quinta-feira, há de repetir o refrão essencial: o de que a sua obra é uma espécie de regresso ao desejo de pureza, à tranquilidade das suas imagens e a uma ecologia básica que Osório transformou numa pesquisa sobre a beleza. Advogado, ensaísta, sociólogo (recomendo o seu inesquecível e sempre atual livro sobre a mitologia fadista, de 1974), um cavalheiro como já não há e já não havia, António Osório foi um poeta raríssimo que escreveu na contracorrente, avesso aos modernismos e ruídos que aborreceram a poesia. Uma simplicidade comovente, era isso que ele desejava para a sua poesia: “Meus versos, desejo-vos nas bibliotecas/ itinerantes, gostaríeis de viajar/ por aldeias, praias, escolas primárias,/ despertar o rápido olhar das crianças,/ estar nas suas mãos/ completamente indefeso/ e, sobretudo, que não vos compreendam./ Oxalá escrevam, risquem, atirem no recreio/ umas às outras como pélas os livros/ e sonhem, se possível, com algum verso/ que súbito se esgueire pela sua alma.” Leiam, por favor.
Da coluna diária do CM.
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