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Subitamente, tanto os economistas como os especialistas em lifestyle se deram conta de que a "sustentabilidade" nos fica cara – e que é mais cara. Não me admira. A ideia de "sustentabilidade" é um refrão usado a torto e a direito – e, tirando os problemas concretos de produção de energia e de melhoria da chamada “qualidade alimentar”, exige que pensemos um pouco no que os anos da abundância fizeram de nós: pessoas que já não se recordam do tempo em que não havia embalagens de plástico (e tínhamos de trocar garrafas vazias na mercearia), em que comprávamos produtos não embalados (o grão, o feijão, o pão), em que cortávamos a água do duche quando nos ensaboávamos, em que desligávamos a luz quando íamos de uma divisão para outra, ou em que havia hábito de pedir meias-solas para um par de sapatos. Os anos do crescimento económico e da abundância, que foram felizes para multidões arrancadas à pobreza, foram também os anos em que o desperdício se tornou moda depois dos tempos da penúria do pós-guerras. As gerações nascidas depois dessa mudança precisam de um pouco dessa memória.
Da coluna diária do CM.
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