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Quando, depois da independência, Samora Machel visitou pela primeira a Ilha de Moçambique, quis ir ao museu local – um belo edifício diante do mar e do antigo molhe – onde deparou com as salas e as paredes vazias. Quis saber o motivo; disseram-lhe que tinham retirado quase tudo porque eram coisas do passado e do colonialismo. Furioso, Machel explicou que um museu era um repositório do passado (entre outras coisas) e exigiu que recuperassem o que ainda se podia reaver. Ultimamente lembro-me dessa história quase todos os dias. A Royal Opera House, de Londres, decidiu submeter o seu repertório a uma cuidadosa análise para verificar até que ponto ele é “inclusivo”, ao mesmo tempo que garante a diversidade, respeita as “sensibilidades culturais” e satisfaz as exigências dos novos públicos. A historiadora e feminista Camille Paglia contava a história de um aluno indignado que interrompeu a aula daquele curso onde estudavam apenas “autores brancos, velhos, heterossexuais e europeus”. Na altura, deu algum trabalho explicar que se tratava de uma aula de estudos clássicos gregos e latinos.
Da coluna diária do CM.
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