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Há uma coisa deliciosa no português informal — as diferentes formas de nos cumprimentarmos. Hoje em dia mantemos as saudações habituais e até nos cumprimentamos com frequência e certa habilidade, tendo mesmo abandonado o péssimo hábito de entrar mudos e calados numa loja, num restaurante – ou numa conversa. Pior do que isso só o mesmo o abuso de cumprimentos com que às vezes somos recebidos numa loja, por exemplo. Uma das coisas que me interessa é a forma como muitas vezes ignoramos as perguntas que nos fazem num cumprimento: perguntamos “olá, como está?” ao mesmo tempo que a outra pessoa nos pergunta “então está bom?” ou, na fórmula mais abrasileirada, “então, tudo bem?” Só que não respondemos à pergunta – é mera retórica e serve como um “bom dia” simpático – e seguimos em frente depois de fazermos idêntica pergunta. O meu avô João, que usava chapéu e o erguia para cumprimentar toda a gente, tinha um método infalível; quando não tinha grande paciência perguntava e respondia ao mesmo tempo: “Muito boa tarde, como está?, bem, muito obrigado, cumprimentos lá em casa, serão entregues.”
Da coluna diária do CM.
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