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Neste início de outubro, Marcelo teve duas intervenções públicas e um discurso à beira da depressão. É claro que a forma mais fácil de ler os discursos do Presidente é relacioná-los com a “política imediata” – para isso serviram as duas intervenções iniciais; uma, respondendo a jornalistas acerca da trapalhada vivida na área da Defesa; a outra, uma entrevista onde castigou duramente a tentação eleitoralista do governo e lançou avisos sobre os seus poderes. Mas, para quem quer cair na armadilha do “otimismo presidencial”, o discurso do 5 Outubro é um modelo de elegância: saudando, a abrir; e falando sobre a sua desilusão, em tudo o resto. Em França, por exemplo, os discursos de Estado (De Gaulle e Mitterrand alguns, mas Malraux em quase todos) têm um peso literário e humano fortíssimo; Marcelo é mais direto (conhece os seus intérpretes, que são simplórios) mas serve-se de ironias – onde fala da necessidade de cumprir sonhos, assinala sobretudo o receio de os falhar. Todo o discurso de ontem, no fio da navalha, é um exercício de combate à erosão. Não se iludam com o otimismo.
Da coluna diária do CM.
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