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Dei com a série por acaso, na Netflix: Encurralados passa-se na Islândia e a sua primeira temporada merece atenção (a segunda já está disponível, mas é outra história): a tensão, que já se sente nos livros de Yrsa Sigurðardóttir ou Arnaldur Indridason (os dois grandes autores de romance policial islandês), é ampliada: num país sem taxa de homicídios (digamos, um por ano), a literatura e a televisão aumentam o “efeito de realidade”, ainda por cima quando o cenário é uma tranquila cidade costeira onde todos se conhecem bastante bem – aparece um cadáver a boiar, sem cabeça nem membros. A investigação policial é lenta, densa, cheia de fantasmas, e cruza-se com as histórias pessoais dos envolvidos (como geralmente acontece). A certa altura, um habitante local diz ao polícia que vem da capital: “Tu não és daqui, não conheces o abismo.” Nessa frase sintetiza-se todo o espírito fantasmagórico de Encurralados: quando a cidade fica sitiada pela neve e pelos homicídios que vão acontecendo, o abismo fica mais visível, mas só os que mergulham na escuridão sabem que ele devora tudo. Bela série.
Da coluna diária do CM.
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