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Eu teria de falar de Anita Ekberg porque me recordo da Fontana di Trevi e de Dolce Vita, o filme de Fellini – ela na água, Marcello Mastroianni a seguir. Fellini faz o resto; já tinha feito, aliás, desde a primeira sequência. O filme é de 1960 e eu ainda não tinha nascido, mas na agenda da minha primeira viagem a Roma estava uma visita à fonte e à memória de Anita Ekberg, essa sueca deslumbrante por quem, naturalmente, me apaixonei. Mastroianni também, no filme. Se fosse viva, Ekberg (1931-2015) completaria hoje 90 anos e reviveria a sua carreira hoje à noite: desde que conheceu Howard Hughes, desde que substituiu Marilyn Monroe numa digressão, ou de como entrou no Guerra e Paz de King Vidor – até chegar a Dolce Vita. Fez poucos filmes, geralmente comédias e policiais. O seu rosto era tão expressivo e o seu ar tão abandonado que o erotismo que exalava era como um abismo de mágoa e de falsa frieza. Não estive na Fontana di Trevi na primeira vez em Roma; os turistas não deixavam apreciar, em paz, o simbolismo do lugar. Tive de fazer cinco tentativas, mas Ekberg nunca estava lá.
Da coluna diária do CM.
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