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Ramalho e Eça.

por FJV, em 23.09.21

Livros que aguardamos há muito – e que se leem numa noite. O de Maria Filomena Mónica sobre Eça e Ramalho (Uma Estranha Amizade, Relógio d’Água) é um desses casos. A dupla é estranha, como diz MFM: são personagens de diferentes mundos cujos destinos, para a maior parte de nós, se cruzaram nas páginas do Mistério da Estrada de Sintra e depois nas Farpas, e daí em diante. Mas não é assim. O assunto inquietou muitos leitores, sobretudo de Eça – de cujo lado estavam o talento, o sofrimento, o sopro literário propriamente dito. Também não é verdadeira a ideia de que, fora isso, se tivesse tratado de uma amizade leal; Ramalho pode ter sido o apoio de Eça em muitos momentos, mas não resistiu a traí-lo aqui e ali. Sim, Ramalho sucumbiu ao ciúme e ao cansaço, e Maria Filomena Mónica persegue-o com aplicação, mas procurando ser justa. Onde Eça é talentoso e vibrante como uma chama inquieta, Ramalho cede: na política, nos hábitos, na independência. Ramalho é extravagante (e um belo autor de literatura de viagens) e tenso como um dândi do Porto, mas não resiste ao despeito e à duplicidade. É uma história imperfeita.

Da coluna diária do CM.

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