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Mário Moura, editor.

por FJV, em 21.09.21

Ao ler as páginas de Na Poeira do Tempo (Editora 4 Estações) vejo como tive a sorte e a felicidade de conhecer Mário Mendes Moura – e como tenho pena de não ter convivido mais com ele. Aventureiro, viajante, homem de todas as profissões (de criador de mobiliário a agente de viagens ou fabricante de perfumes, percorrendo vários países, de Campo de Ourique ao Brasil passando pela Venezuela, pelo Canadá, a lista seria grande), mas fundamentalmente editor, amante de livros e de ideias para os fazer, e homem livre e independente, absolutamente incapaz de não se deixar guiar pelos seus sonhos. Aos 96 anos, neste livro, Mário M. Moura mostra um pouco das suas memórias, desde a juventude, com o país então cercado pela ditadura, até ao seu regresso já na década de 80 para criar editoras aqui. Está lá o essencial: o espírito livre, o nomadismo, o sentido do risco, o gosto em viver, certamente – mas também o retrato de um homem que inventava livros (fundou e dirigiu mais de uma dezena de editoras) e com quem seria uma alegria perigosa e contagiante fazê-los. O Mário é um perigo ambulante.

Da coluna diária do CM.

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