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Já estou, digamos, a terminar a leitura do livro de memórias de Francisco Pinto Balsemão (Porto Editora). São mil páginas de interesse muito desigual. Teria de ser. De vez em quando, percebe-se a sua sensibilidade para o ínfimo detalhe (sobretudo quando quer dar uma alfinetada, recorda-se de um pequeno pormenor que nos faz sorrir); de vez em quando, abusa desses pormenores; de outras vezes, sobrevoa os acontecimentos e não se detém em momentos cruciais – mas esta é a sua memória do seu tempo, a forma como leu a passagem dos anos e das mudanças, como se recorda dos outros (e quem recorda ou quem esquece), como ajusta contas (porque há sempre contas a ajustar), como corrige um episódio ou como pretende ser recordado por nós, seus leitores. Mas isso é outro tema. Precisamos de mais livros de memórias portuguesas; pessoas que desempenharam papéis de destaque na vida pública devem-nos esse testemunho; não é sinal de vaidade ou egocentrismo; pelo contrário, é uma espécie de “prestação de contas”, um legado para a nossa memória comum – ou, até, a continuação do debate por outros meios.
Da coluna diária do CM.
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