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A alteração do interior do Museu Romântico do Porto, instalado na Quinta da Macieirinha, foi anunciada como um dia de glória: “O espaço despiu-se dos adereços de casa burguesa oitocentista e vestiu-se de contemporaneidade.” Esta é uma tendência geral de alguma da nova museologia – ou centrar-se na “contemporaneidade”, ou associar-lha como uma espécie de “relação indispensável”. Basicamente, é como se não pudéssemos ver Rembrandt sem lhe estabelecer uma relação com o nosso tempo, como se não pudéssemos ver Soares dos Reis sem o confrontar com a escultura de hoje, ou como se não pudéssemos visitar um Museu Romântico oitocentista sem o povoar de arte contemporânea. Este horror à História e à contemplação do passado é uma marca das “burguesias cosmopolitas”, muito dadas às artes “decorativas” e “contemporâneas”. Julgando-se o centro do mundo, despovoam-no da passagem do tempo. Justamente, o que caracteriza o tão “fora de moda” Museu Romântico é ser uma “casa burguesa oitocentista”, longe da contemporaneidade e da sua lógica. Os protestos contra esta mudança têm toda a razão de ser.
Da coluna diária do CM.
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