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Muito mais do que “alhear-se da realidade”, “indiferença” é ter a nítida impressão de que tudo vai ser igual. Recomendo que se leiam três dos números que sobressaem dos barómetros CM/Intercampus da semana. Há cerca de 60% de portugueses que, independentemente da inclinação do seu voto, acham que as eleições deste mês têm um vencedor antecipado. Serão os mesmos 64,5% de portugueses que duvidam da eficácia transformadora da “bazuca europeia” (uma designação desprezível)? Ou os mesmos 60% que consideram que o dinheiro dos novíssimos fundos europeus vai beneficiar sobretudo quem tem boas ligações ao poder político? Poderíamos pensar que esta maioria absoluta da opinião pública mostra a enorme resignação a que se chegou, bem como a natureza da própria indiferença nacional, que diz até que ponto se pode capitular por falta de fé nos homens e nas instituições. Mas convém apreciar o cinismo da amostra: recapitulando a história do último século, os portugueses mantêm-se na sua – não se deixam levar facilmente e acham que as coisas são como são, duvidando da bondade humana e das suas promessas.
Da coluna diária do CM.
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