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Abre hoje a Feira do Livro de Lisboa, no Parque Eduardo VII. Durante três semanas será uma espécie de grande livraria a céu aberto, onde podemos ir comprar o que nos escapou ao longo de um ano atribulado – e deixar a nossa homenagem ao livro em si mesmo, ou seja, aos valores que fazem de nós pessoas com uma civilização, um alfabeto, uma língua e uma memória. Podemos pensar nos chineses que inventaram os caracteres móveis, bem como a tinta e o papel (coisas que têm, portanto, mais de mil anos); nos romanos que alimentavam a sua ambição política fundando bibliotecas (imagine-se a diferença em relação a hoje!); nos papiros que foram destruídos em Alexandria; nos antigos livreiros que conheciam cada título que vendiam nas suas lojas; em Cervantes, Eça ou Shakespeare; no velho cheiro de chumbo e tinta que pairava sobre as páginas de um livro acabado de imprimir. Essas imagens, esses nomes e essas memórias fazem-nos humanos. Emprestam-nos o dom da palavra, que é flutuante como a vida. Em certos recantos da Feira, esse dom estará presente durante estas semanas. Flutuando como poeira.
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