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Como o nome indica, o teatro Globe, em Londres, dedica-se a representar a obra de William Shakespeare. A nova produção de Romeu e Julieta não quer não ferir a sensibilidade dos espectadores. Assim, no programa há vários avisos (cito do folheto): “No final, quando Romeu bebe veneno, e o ator vomita e entra em convulsões. Isso não é real – e não, o ator não está ferido.” Ou: “Há uma luta no palco. A violência, no entanto, não é real e não deve ser imitada. Há sangue no palco – mas não é real.” Os responsáveis dizem que as pessoas são facilmente impressionáveis e, como “ativistas” de “saúde mental”, querem acautelar os espectadores mais impressionáveis. Ou seja, dizer-lhes que as tragédias de Shakespeare têm, por exemplo, tragédias – e que há histórias de amor que terminam mal. O mundo está infantilizado com esta gente. Provavelmente, quando representarem Júlio César dirão não querer ofender pessoas que se traumatizem com assassinatos e, com Hamlet, avisarão que a aparição, em sonhos, de um velho rei morto não é real e não deve ofender pessoas com pesadelos. Pobre Shakespeare.
Da coluna diária do CM.
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