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Parece seguro que o poeta Federico Garcia Lorca terá sido fuzilado nas colinas da serra de Alfaguara, Granada, na madrugada de 18 de agosto de 1936 – passam hoje 85 anos – por um bando franquista, ou seja, logo no início da sublevação contra a República. Acusações: homossexualidade, espionagem para a URSS e, naturalmente, estar do outro lado da barricada. Foi uma das primeiras e numerosas vítimas da guerra civil espanhola, e a sua morte mancha para sempre a história do país. Poeta maior do século XX, recordaremos de Lorca (1898-1936) a beleza da sua poesia, sempre em busca de raízes na natureza, de amor e de uma espécie de concordância com a música (está traduzida em português, nomeadamente por José Bento, mas também Eugénio de Andrade e Vasco Graça Moura). Dramaturgo, é autor das Bodas de Sangue, de A Casa de Bernarda Alba, Yerma ou Dona Rosita, a Solteira, ou a Linguagem das Flores, todas de primeira linha. Toda a sua obra é um pilar da sensibilidade e da harmonia espanhola – e a sua morte é um acontecimento trágico de que provavelmente Espanha ainda não recuperou.
Da coluna diária do CM.
A história do Afeganistão repete-se com uma regularidade assustadora. Depois da ocupação britânica (descrita por Eça de Queirós), da soviética (que marcou o fim do império mal os tanques regressaram a casa) ou da americana (que mostra os EUA consagrados aos seus interesses mais próximos), o Afeganistão volta ao ponto de partida: um enorme território controlado pelo fanatismo local e namoriscado pelos inimigos do “Ocidente” (a Rússia e China à cabeça). Como em política externa não há valores, mas interesses – como ensina a História –, o Afeganistão nas mãos dos talibãs é uma espécie de ‘caso perdido'. O problema é que, para a “consciência ocidental”, que julgava arrumadas essas questões depois de encerrados os capítulos do Estado Islâmico e dos atentados terroristas na Europa (a imprensa fecha os olhos ao que acontece em África), e de limitada a pandemia, o mundo vai agora passar por uma nova e inesperada desorganização. Como geralmente não sabemos como vai ser o futuro e somos ignorantes em relação ao passado, o bater de asas de uma borboleta em Cabul vai sentir-se por todo o lado.
Da coluna diária do CM.
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