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Quando Mao lançou anunciou a revolução cultural proletária em 1966, um dos objetivos era o de destruir as formas e memórias culturais anteriores a 1949 (o nascimento do regime comunista) – bem como os intérpretes desse passado: professores, monumentos e arte sob qualquer forma. Sobrou pouco. Os Guardas Vermelhos vandalizaram o que puderam. A estratégia do ativismo dos dias de hoje não é muito diferente: o passado é todo pecado e é necessário apagá-lo, destruí-lo, combatê-lo e, se tudo falhar, reinterpretá-lo à luz da “verdade única atual” (mas sem ouvi-lo). Vandalizar os monumentos, ou abatê-los e retirá-los, como no Reino Unido e nos EUA, é uma das formas de atuação da nova revolução cultural. Em Portugal, os ativistas limitam-se a fazer grafitis a meio da noite. No caso do Monumento dos Descobrimentos em Belém, optaram por uma frase cheia de erros de inglês, para dar conta do seu cosmopolitismo galipão. Eu, que nem gosto especialmente do monumento, começo a achar-lhe graça depois dos textos jaculatórios do deputado Ascenso Simões ou do ataque anónimo deste fim-de-semana.
Da coluna diária do CM.
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