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A linguagem dos cafajestes.

por FJV, em 13.07.21

A pátria gosta de canalhas e cafajestes, de malandretes e jogadas para lá dos abismos da moral. Só isso explica a impunidade com que muitos maraus chegam ao topo na política, no atrevido “mundo dos negócios” mas, sobretudo, no da popularidade – “que esperto que ele foi”. Num país dominado por velhas elites que se reproduzem nos picadeiros familiares, quase em incesto, os patifes – para subirem – aprendem depressa a lição. Safam-se, mas quase sempre acabam mal. Ler Camilo, por exemplo, é muito útil. O país cabe nas Novelas do Minho ou no Eusébio Macário, dois livros que funcionam como catálogo de personagens que encontramos todos os dias nesse universo: na política, no “mundo dos negócios” – e “na bola”, um universo que durante décadas se alimentou de ilegalidades e ardis abjetos, mas que sempre foi desculpado. Uma rede de poderes tentaculares aliada à impunidade de gente que não se recomenda – lamentavelmente, foi esse o quadro durante as várias décadas democráticas. A linguagem dos cafajestes muda, sim – tal como as suas alianças. Mas tudo continua lá, como um veneno sem antídoto.

Da coluna diária do CM.

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