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Com o seu talento e capacidade de trabalho, Balzac escreveria uma comédia sobre o “caso Berardo”, com um final de farsa. Tem tudo para cumprir as exigências de um enredo dessa natureza: personagens, que vão do mais chique ao mais ‘rastaquouère’ (o que significa pessoas de riqueza e luxo suspeitos e de mau gosto manifesto), e dinheiro, que havia a rodos e distribuído com magnanimidade e canalhice. O que Berardo fez, fez à vista de todos, com o beneplácito de todos, o aplauso de todos (a começar pela banca e pelos políticos, e a terminar na elite das artes contemporâneas) – aqui entre nós, não enganou ninguém que não quisesse ser enganado. A “arte” lavava tudo, tal como uma história mal contada sobre sucesso, smokings e relações duvidosas. O país apreciava uma pessoa destas (e das que foram a sua guarda pretoriana na arena política), com um rasto de glamour cheio de sotaque e impertinência, que tratava as ministras por baby. O país tem um gosto marialva pelos pequenos patifes, que exalta com gosto. Sabe que vão cair – quando isso acontece, todos são moralistas e dão vontade de rir.
Da coluna diária do CM.
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