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Ninguém consegue ter uma “relação fácil” com José Berardo – nem mesmo o Estado que, pela mão dos mesmos protagonistas de sempre, lhe abriu as portas e valorizou o património. Protocolo sobre protocolo, acordo sobre acordo, Berardo viu o Estado ao seu alcance quando percebeu que a coleção de arte contemporânea, que formara como um bom investimento pessoal, lhe permitia (com dinheiros públicos) valorizar uma marca com o seu nome. Por isso, durante muito tempo, fazer perguntas ou colocar em questão a forma como se estabeleceu essa teia de cumplicidades, trânsitos e favores ou privilégios, era “atacar a cultura portuguesa”. Berardo ria das suas próprias malandrices – e com gosto. Sabia o que tinha feito e como estavam feitos “os protocolos”; tudo estaria a salvo, desde que o Estado mantivesse o desejo de ter uma coleção de arte como a sua, que era única, e que ele não largaria. A cultura, que lava mais branco, serviu durante muito tempo para esconder as manobras em torno da guerra pelo BCP com dinheiro fornecido pela CGD e pelo BES – e todos os folhetins adjacentes. E vai continuar.
Da coluna diária do CM.
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