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O militantismo radical enche-me de piedade – e, ao mesmo tempo, de um grande tédio. Não há dia em que não apareça alguém na televisão, na rádio, na imprensa, a esclarecer-me sobre como me devo comportar para ter uma vida “mais sustentável”, seja na cozinha, ou na forma como levo o lixo para o contentor de reciclagem, na escolha dos sapatos que uso, dos livros que leio e, suponho, na forma de dormir ou de me sentar num jardim. Eu concordo com tudo, desde que não me venham com sermões e ginástica moral – é uma espécie de pregação que se dirige não tanto à assistência (nós, pobres incautos que atravessamos a rua) mas ao desejo dessas pessoas em mostrarem como são boas, perfeitas, exemplares em moral e isentas dos pecados veniais da civilização. Lembram-me muito o personagem de A Costa de Mosquito, o filme com Harrison Ford (que agora foi adaptado a uma série na Apple-TV) a partir do livro de Paul Theroux, que arrasta a sua pobre família para a floresta hondurenha a fim de viver no “paraíso” – e se transforma num chato inenarrável e suicida. O problema é que as Honduras ficam longe.
Da coluna diária do CM.
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