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Há 30 anos, salvo erro, os estudantes do secundário sabiam quem era Nicolau Tolentino de Almeida (1740-1811, passam hoje 210 anos sobre a sua morte) e sorriam ao ouvir o soneto que começa por “chaves na mão, melena desgrenhada”, em que a mãe quer saber do paradeiro de um colchão e acaba por descobri-lo no toucado da filha (“Arremete-lhe à cara e ao penteado./ Eis senão quando (caso nunca visto!)/ Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!...”) – é uma sátira aos enormes penteados da época. 30 anos depois, os estudantes do secundário não sabem quem é Tolentino, um dos grandes génios cómicos e satíricos da nossa língua (mestre de Alexandre O’Neill, por exemplo), nem sabem o que é um toucado. Este empobrecimento não comove ninguém. Os teóricos do Ministério da Educação acham que a vida é como é, e que o conhecimento e a cultura não são “inclusivos”; nem riem do poeta que confessa que sobe “de uma puta a infame escada”, nem choram quando escreve que “ainda ama a quem me mata” – porque o ignoram. Há 250 anos Tolentino ria dos pelintras, dos empertigados, dos enamorados e dos portugueses.
Da coluna diária do CM.
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