Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Passaram na semana passada (a 27 de maio) 150 anos sobre a célebre conferência de Antero de Quental intitulada “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos”. O resumo é simples – o peso da Contra-Reforma religiosa e do poder das instituições religiosas em geral, a centralização política e a política económica resultante dos Descobrimentos, são os três pilares da nossa decadência para quem a olhava a partir do século XIX. O que se seguiu – a proibição das Conferências do Casino Lisbonense e o processo “político-literário” por que passou à história – é contado como se vivêssemos, na época, sob uma ditadura tenebrosa, o que não era verdade. Seja como for, século e meio depois a decadência acentua-se: não prezamos a liberdade, não produzimos riqueza nem independência económica ou inteletual, dependemos fortemente de um Estado clientelar (entregue às mesmas castas da época), menosprezamos o rigor e a exigência. Mais do que isso, até: gostamos mesmo da dependência e da malandragem – e aceitamos a perda de liberdade. As causas mudam; mas as coisas permanecem.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.