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Anteontem, começou finalmente o ano de 2021. Não por erro de calendário ou dos movimentos de rotação e translação do planeta – mas porque entrámos, finalmente, naquele glorioso período em que as nossas frotas podem pescar sardinha, em que os mercados podem exibi-la nos seus tons de prata azulada, e em que os restaurantes podem servi-la com orgulho. Película cutânea aquosa e transparente, pupilas negras e córnea brilhante, guelras de cor viva, sem muco, e odor intenso a algas marinhas – o tamanho não interessa, digo-lhes eu. Temperam-se de sal, assam em grelha a dez centímetros da brasa, viram-se rapidamente para não perder gordura nem pele, e servem-se na companhia de batata nova cozida com pele, ou apenas pão em bom forno, salada de pimentos, um vinho tinto refrescado – e uma respiração de felicidade. A partir de agora, o ano começou. Na lota são vendidas a 90 cêntimos o quilo e nos supermercados a 6 euros; é uma injustiça para os pescadores. Mas para nós, fanáticos, começou o ano depois de meses de penúria e interdição. É a guerra. É a nossa identidade nacional que está em jogo.
Da coluna diária do CM.
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