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Imagino que o livro de Mikhail Bulgákov (1891-1940), pode decorrer ao som de suites de Dimitri Shostakovich; no final da década de 30 ambos são vítimas da perseguição estalinista – mas a música é essa. Bulgákov, no entanto, morre em 1940 e nunca verá O Mestre e Margarita impresso. O comunismo só deixou que aparecesse em livro em 1973, numa versão que foi concluída pela mulher do escritor em 1941. O que assustava tanto os comunistas? O Diabo, naturalmente, que visita Moscovo nos anos 30 e semeia a discórdia entre a canalha literária, pondo a nu a burocracia do regime, crédula, covarde e medíocre – dotando Margarita de poderes sobrenaturais. Pelo meio, a narrativa da condenação e crucificação de Jesus, o debate sobre a tirania e a traição, a liberdade, a natureza da história humana e a superficialidade da “vida moderna”, naquele cenário moscovita, entre o real e o impossível, sempre motivo de sátira e delírio. O Mestre e Margarita (traduzido por Nina e Filipe Guerra, numa edição da Presença) é a obra-prima de Bulgákov, de quem amanhã se assinalam os 130 anos do seu nascimento, em Kiev.
Da coluna diária do CM.
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