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Já vão longe os tempos em que o futebol era um desporto de cavalheiros ou de operários em fim de semana, de rapazes de bairro ou de vizinhos desavindos. Transformado em negócio de milhões, em vício de investidores, ou em altíssima especialização, as suas engenharias deixaram de contar com palavras como “imprevisibilidade”, “risco” ou “inesperado”. Por exemplo, no início da época futebolística, quase ninguém dava nada pelo Sporting e pela sua equipa de miúdos – que podiam ser excelentes mas que não tinham as primeiras páginas dos jornais. Além do mais, o treinador do Sporting era até vituperado por não ter o curso de treinador, uma especialização tão útil como a de tratador de pintassilgos – desde que não se conheça o futebol, evidentemente. Com duas ou três peças mais séniores e um bando de rapazes atrevidos e com nomes de alunos de liceu, o treinador sem curso completo de treinador conseguiu o essencial: ganhou o campeonato e envergonhou as corporações e os que investiram milhões e milhões. A vitória da imprevisibilidade é sempre agradável. É a vitória do barroco sobre o épico.
Da coluna diária do CM.
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