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Naquele país que construía estádios para o Euro2004, a revista Grande Reportagem, que me lembre, foi a primeira a chamar a atenção para a imigração no sudoeste alentejano – não se tratava da tradicional mão de obra barata das antigas colónias, mas de geografias a que então se fechava os olhos e se negava proteção adequada, nomeadamente dos países do antigo bloco soviético, no leste europeu, do Paquistão ou do Bangladesh. Com o tempo, essa imigração lançou raízes e passou a fazer parte da paisagem – mas não a dos subúrbios de Lisboa, a norte ou a sul do Tejo, visível na imprensa e na televisão, e sim da das explorações agrícolas batidas pelo vento atlântico e misturada com o plástico das estufas e a areia do litoral. Periodicamente, o país vem ter connosco e reagimos como se fosse surpresa absoluta; não é e não devia ser. Parece que as autoridades e as estatísticas contornavam o assunto; parte dessa imigração aguenta na região até ter passaporte europeu, conforme me disseram no ano passado. A sua invisibilidade era uma falta grave; a sua visibilidade é também um desleixo do país.
Da coluna diária do CM.
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