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Patrícia Portela.

por FJV, em 29.04.21

Há vários caminhos no chamado “panorama do romance português” – eu escolho um, o meu. Escrevo o que escrevo porque escolhi livremente esse caminho, nem pior nem melhor, e não dependo de favores. Há outros, que respeito muito; e outros ainda, pelos quais tenho menos amizade. Mas de entre aqueles que admiro, mesmo não sendo próximo das minhas escolhas, está o de Patrícia Portela, uma escritora que vem de outras artes, como o teatro ou a dança, e que vale a pena acompanhar (tal como Joana Bértholo e Rodrigo Magalhães). ‘A Coleção Privada de Acácio Nobre’, de Patrícia Portela (2016), convenceu-me definitivamente do seu trabalho – é a construção prodigiosa e amável de uma personagem. ‘-Hífen-’ é o seu novo romance, uma interrogação sobre “os tempos do algoritmo”, uma montagem de materiais apócrifos (cadernos, doenças, notícias, alfabetos, personagens, receitas de cozinha, trabalhos de mãe) num território chamado Flandia. Esse trabalho de montagem aproxima o livro de uma espécie de documentário ou recolha de materiais para herbário – e é precioso. Não é um romance; é uma alegoria sobre o mundo.

 Da coluna diária do CM.

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