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Os poetas da modernidade tentaram mudar a história da literatura e da vida de todos dias – através de uma nova linguagem. Na poesia francesa quase ninguém o fez como Valéry, Arthur Rimbaud ou Charles Baudelaire. Passam hoje 200 anos sobre o nascimento deste último e a data merece evocação; Baudelaire, o autor de As Flores do Mal, é provavelmente o poeta que mais profundamente tentou essa mudança (até pelo seu ressentimento contra o omnipresente Victor Hugo). Visionário, ambivalente, flagelado pelo ceticismo e pela natureza breve e veloz da sua própria vida (1821-1867, morreu aos 46 anos), Baudelaire sabia que “não teria tempo”: por isso a sua poesia é uma visita aos infernos, e toda a sua obra nos mostra que o ‘tempo moderno’ não podia repetir a solenidade do passado romântico. As Flores do Mal é de 1857 – o livro e autor foram condenados em tribunal por ofensa “à moral pública, à religião e aos bons costumes” (três anos depois publica Paraísos Artificiais, sobre ópio, vinho e haxixe). A busca da beleza, em Baudelaire, é esta sombra que nos legou e que ainda não compreendemos.
Da coluna diária do CM.
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