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Perguntamo-nos muitas vezes sobre o que vale, verdadeiramente, a nossa vida quando morre um amigo nosso, praticamente da nossa idade. António Almeida Henriques, que morreu de Covid, foi um dos melhores amigos que tive na minha, por assim dizer, curta “vida política”, mas que ultrapassou esse pequeno alcance. Era jovial, otimista, encontrava soluções onde se multiplicavam dificuldades; foi sempre tolerante e cordial mesmo quando cercado de hostilidade e de maledicência. Amava a sua cidade, Viseu. Mais do que isso, gostava do futuro da sua cidade; e reinventou-a, tornou-a cosmopolita, organizada, verde, cheia de música (a alegria com que falava disso) e boa para viver. Amava a sua família. Era um homem livre a quem os aparelhos políticos nunca aprisionaram. De certa maneira, compreendeu a tempo o significado das palavras “elegância” e “disponibilidade” – que transportou para a vida pública. E, portanto, o que vale verdadeiramente a nossa vida quando um amigo da nossa idade desaparece? Só isto: aproveitar cada dia que passa, também em seu nome – e da nossa família, dos que nos acompanham.
Da coluna diária do CM.
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