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A conversa daria pano para mangas, mas ficamos por aqui: o gozo que dão as estatísticas. Anteontem, o governo congratulou-se pela diminuição da criminalidade de rua e pela queda acentuada de violência doméstica; os números ajudam em tempo de pandemia. Como durante algum tempo ninguém andava pela rua, compreendemos que haja menos criminalidade de rua – e como não houve tantas queixas sobre violência doméstica, também se compreende. Mas, tirando a anedota, todos os dias vemos números e percentagens que vitoriam o nosso senso comum – e sentimo-nos cientistas sociais. 76% de queda nos hotéis, 30% de diminuição dos acidentes rodoviários, menos 30% de pneus consumidos, menos 30% de lixo urbano, mais gastos com eletricidade. Estes dados não podem ser notícia, mas fazem títulos gordos e explosivos. Vejam-se os da criminalidade, que nos alegraram; tal baixa de 11% na “generalidade dos crimes” deve-se, no entender de um sociólogo de Marte, à baixa de turistas estrangeiros. Logo, a culpa, pode bem ser deles. Vão ver que, mal haja turistas, o crime aumenta. A culpa só pode ser deles.
Da coluna diária do CM.
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