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Fossem de outro lugar no mapa os habitantes de Pemba, ou de Quionga, Palma, Maganja, Olombe, Calomba ou Assumane – e já haveria indignação portuguesa e resposta internacional aos alertas que desde há dois anos têm sido dados (e repetidamente) sobre a violência jihadista na província de Cabo Delgado, em Moçambique. Fossem, em vez de Moçambique, do Médio Oriente ou do Levante, ou da América Latina, para não mencionarmos a Europa, claro está – e as “entidades internacionais” já teriam respondido ao horror perpetrado na região. É claro que também seria importante que a União Europeia (sobretudo quando a presidência calhasse a Portugal, por exemplo) reagisse, como lhe compete, ou que as Nações Unidas (talvez se fosse um português na presidência) chamassem a atenção da opinião pública mundial sobre as matanças de centenas de inocentes abandonados e desprotegidos, que têm decorrido em Cabo Delgado perante a passividade mais ou menos geral. Finalmente, como um europeu foi atingido pela violência, a imprensa falou do assunto. São todos muito anti-racistas – mas ignoram África, naturalmente.
Da coluna diária do CM.
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