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A linguagem deve ser, não direi “inclusiva” (a palavra é tão irritante como desprovida de sentido), mas sempre que possível melhorada. O Conselho Económico e Social (CES) procederá a uma lavagem e a um revisionismo sistemático a fim de a tornar “inclusiva”; deixará de haver “desempregados” e passará a haver “população desempregada”, deixaremos de dizer “amblíopes” e passaremos a dizer “pessoas com baixa visão”, tal como os “gestores” passarão a ser “população em cargos de gestão”. Caiam bigornas do céu – mas creio que não será suficiente e que uma enorme multidão de ignorantes, revisionistas, lavadeiras e especialistas em vigilância e punição, irá fazer figurinhas de depurador da língua. Na altura em que, em França, um grupo de sociólogos e políticos ignorantes procedeu à coisa, vozes como Claude Lévi-Strauss ou Georges Dumézil (lamento, não são sociólogos da treta) explicaram, com jeitinho, que o género gramatical não tem a ver com o género natural. A novilíngua veio para ficar, como arsénico que tudo empobrece, desejosa de regenerar a espécie humana e de fomentar a ignorância.
Da coluna diária do CM.
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