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Oiço os acordes de “Adiós Nonino”, que Astor Piazzolla compôs em 1959 (na sequência da morte do seu pai, que tinha essa alcunha): baixo, violoncelo, violino, um harmonia de cordas – e ‘bandoneón’ (o acordeão do tango, para simplificar). Oiço a cadência, lenta e melancólica de “Vuelvo al Sur “ (“Regresso ao Sul/ como se regressa sempre ao amor,/ de regresso a ti/ com o meu desejo, o meu medo./ Eu carrego o Sul/ Como um destino do coração...”) – se puderem, procurem a versão com a maravilhosa voz de Roberto Goyeneche. Oiço também “Otoño porteño”, sublime homenagem a Buenos Aires, ou “Milonga del Angel”, ou a euforia de “Libertango”. Podia continuar por muito tempo, mas nada me retira da memória a primeira noite, a primeira manhã e a primeira tarde em Buenos Aires, com uma espécie de música de Astor Piazzolla (1921-1992), que reinventou não diria o tango – mas a melancolia argentina e, por extensão, a nossa própria melancolia, de Bach a Gershwin, passando por Stravinsky. Passam hoje cem anos sobre o seu nascimento. Ouçamos Astor Piazzolla por causa de tudo o que teve uma melodia.
Da coluna diária do CM.
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