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Tive de ir ao site da agência Reuters para confirmar que a Unilever (o conglomerado de produtos de beleza e higiene pessoal) vai retirar das suas marcas a designação “normal” – cabelo normal, por exemplo, ou pele normal. Julgava que se tratava de uma notícia falsa mas, por outro lado, rejubilei. As marcas da casa já tinham prometido deixar de retocar a cor, a textura ou a forma dos seus modelos publicitários – o que não deixa de ser suspeito; mas retirar a expressão “normal” de um champô porque uma certa percentagem de pessoas se sente “marginalizada” e “humilhada” é, também, uma boa oportunidade de negócio num mundo em que as grandes marcas do capitalismo e dos negócios entram na guerra das políticas identitárias, apropriando-se dos seus símbolos e das suas bandeiras. Depois de tentar normalizar a maior parte dos consumidores, produzindo em massa e sem qualidade, o capitalismo industrial descobriu um novo negócio: criminalizar, de certa maneira, as pessoas aparentemente “normais” (um estigma, daqui em diante) ou que sempre julgaram que não tinham, pelo menos, cabelo seco o oleoso.
Da coluna diária do CM.
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