Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



O partido.

por FJV, em 05.03.21

Passam amanhã, 6 de março, 100 anos sobre a fundação do Partido Comunista Português. Desde aquele objetivo inicial de “transformação radical da sociedade capitalista em sociedade comunista” até aos dias de hoje, o PCP mudou como tudo mudou; Porém, ao longo de um século, nem adormeceu nem conseguiu ser uma força maioritária na vida portuguesa – mas já teve o seu papel decisivo e influente durante os anos 70, quando tentou apropriar-se do país. Tenho uma secreta admiração pela sua história; não por aquilo que o PCP é, ou defende e defendeu, mas pela sua dimensão de “personagem de romance”, marcado pela obstinação, capacidade de resistência, disciplina, espírito de sacrifício pessoal, sentido messiânico e episódios de heroísmo. Essa epopeia, em que Cunhal é o semideus e o grande arquiteto, só pode ser literária e marcada pelo sentimento de culpa, porque não é possível alguém defender os crimes do comunismo (ou absolvê-los) e ficar incólume. O messianismo comunista está hoje vivo em poucos lugares do mundo, mas permanece com Jerónimo de Sousa – na sua idade, no modo de falar, na cadência evangélica herdada de Cunhal, outra figura de romance.

 Da coluna diária do CM.

Autoria e outros dados (tags, etc)



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.