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A revolução será transmitida pela televisão porque, como de costume, é sempre melhor longe de casa. A Europa revolucionária sempre gostou da América Latina por isso – era do outro lado do mar; os maoistas dos anos 70 eram sobretudo “maoistas de Paris”, e não esperava vê-los a limpar os destroços do Agosto Vermelho de Pequim, o início da revolução cutural. Espanha é mais perto e colocar o acento tónico na liberdade de expressão é um avanço. Acontece que o rapper Hasell, em nome de quem os vândalos destroem todas as noites o pedaço de uma cidade diante das câmaras de televisão, não é propriamente uma vítima inocente. Nem é detido por ter “insultado a a Coroa”, um direito seu – e ninguém se importa – mas por ter acumulado acusações sucessivas por mitificar os terroristas da ETA ou dos GRAPO (muito maoistas também), por defender que se vá “mais além” das palavras, por ameaçar testemunhas e incitar à violência (e à morte) sobre políticos, jornalistas ou polícias – é um chique tremendo. Em resumo, Hasell declara-se um “preso antifascista” e, de máscara, os seus fãs assaltam o que podem. A imprensa portuguesa nem pestaneja a fazer-lhe a biografia de herói.
Da coluna diária do CM.
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