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Mau Tempo no Canal.

por FJV, em 16.02.21

Regresso por vezes à leitura de Mau Tempo no Canal (de que coleciono várias edições, de 1944 até hoje), de Vitorino Nemésio, para espairecer e recordar como era a Língua Portuguesa quando a escrevíamos com maiúsculas. Não porque um escritor deva ser um repositório do Dicionário da Academia (que, aliás, não temos) ou da gramática escolar (que tem pouco interesse) – mas porque os transcende. A história de um desamor (entre Margarida Dulmo, João Garcia e Roberto Clark) e de uma guerra de famílias passa-se entre quatro ilhas: Faial em primeiro lugar, depois o Pico, depois São Jorge e, finalmente, em epílogo de passagem, a Terceira. Almanaque de famílias, manual de botânica e geologia, estudo de meteorologia e de arquitetura, recolha de dialeto, apontamentos de humor ocasional, notas sobre endividamento e isolamento, Mau Tempo no Canal é trágico e como na literatura portuguesa do século passado talvez só conseguiram ser Aquilino e Agustina, nossa última voz clássica; a sua melancolia, iluminada pelo clima das ilhas, produz personagens que não podem esconder nada. É uma obra-prima.

Da coluna diária do CM.

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