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De excepção em excepção, e sem um pingo de bom senso, a novela das proibições de venda de livros ameaça não ser apenas uma tolice, mas entrar no anedotário português. Daqui a uns anos havemos de recordar este tempo em que se podiam vender livros em quase todos os lugares, excepto em livrarias – e em que o primeiro-ministro anuncia que só não proibiu a venda de livros porque o Presidente da República o proibiu. Se Portugal fosse um país de leitores impenitentes, vorazes e entusiastas, as autoridades sanitárias bem podiam temer ajuntamentos de cidadãos diante das livrarias – mas a realidade é que estamos nos últimos lugares das estatísticas europeias de leitores. Primeiro, proibiu-se a venda de livros nos supermercados invocando normas de concorrência; agora, permite-se o negócio em supermercados e certos espaços comerciais que também tenham livros nas prateleiras, agudizando as questões de concorrência, mas mantendo a proibição de as livrarias abrirem para vender a única coisa que podem: livros. Como os livros não choramingam nem se empoleiram em protestos, não são escutados.
Da coluna diária do CM.
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