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Todos imaginamos o que vamos fazer “depois disto”. Um almoço de família, um jantar com amigos; um reencontro com os pais, com os filhos, os avós; um manhã na esplanada, uma caminhada pelas ruas da cidade; uma ida às compras (roupa, livros, inutilidades), um jantar ao ar livre; um passeio ou uma pequena viagem de fim de semana, uma saída noturna. Deixar de estarmos vigiados, controlados aqui e ali. Receber amigos em casa. Nem tudo vai ser fácil – uma pandemia não se interrompe; devagar, vai cedendo; e nós, com igual lentidão, vamos reconstruindo o tempo. Este é um aviso sério para os políticos que têm de decidir e para as empresas que têm de reabrir com urgência: tudo vai ser lento e quase tudo vai ser difícil. No Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago, ou em A Peste, de Albert Camus, a vida retoma-se de um dia para o outro, mas haverá muitas feridas para tratar, as janelas abrem-se para o ar entrar em casa, ainda que sem provocar vendavais. Esse – a pressa – foi o erro fundamental do verão passado. Vamos reaprender a caminhar, passo a passo. E lembrar os que partiram. Não vai ser fácil.
Da coluna diária do CM.
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