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Gostava bastante de Christopher Plummer (1929-2021), que interpretou a figura do barão Georg Ludwig von Trapp no filme Música no Coração (de Robert Wise, 1965) – e havia um belo motivo: ele considerava-o “aborrecido, sentimentalão e banal” e irritava-o muito a parceira Julie Andrews; trabalhar com ela “era como ser todos os dias atingido na cabeça por um postal a dar-nos os parabéns”. Este canadiano de Toronto era tudo menos aborrecido, de bigode ou sem ele, na televisão ou no cinema, sempre em estado de ironia e auto-ironia, representando personagens tão variadas (de comandante no Star Trek IV a Sherlock Holmes) como modeladas pelo seu temperamento de resmungão amável e divertido, muito melhor a representar um “mau” do que um “bonzinho”. Talvez por isso ele tenha sido genial no palco, interpretando Shakespeare. Para quem o julga apenas capaz de papéis secundários (em que se tornou um especialista) há registos notáveis de A Tempestade, de Henrique IV, Macbeth ou Sonho de uma Noite de Verão. Morreu aos 91 anos na semana passada. Fazendo, por certo, uma piada sobre si próprio.
Da coluna diária do CM.
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