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O Dicionário de Oxford e a nossa pobreza.

por FJV, em 02.02.21

Como fui criado no tempo em que ainda existiam caderninhos para “palavras difíceis”, vi com interesse O Professor e o Louco, um filme (com Mel Gibson e Sean Penn) sobre a criação do primeiro grande dicionário moderno, “o Oxford”, como designamos a obra monumental organizada por James Murray a partir de 1879 (20 volumes). Ora, não bastava incluir uma palavra no dicionário – era preciso mostrar como ela tinha chegado até nós, como fora usada ao longo dos séculos e de que forma “os autores” lhe tinham modificado o sentido. Murray, que falava 18 línguas, era um erudito mas, além de anotar as palavras dos escritores, acabou por prestar atenção à linguagem popular, o que fez do Dicionário de Oxford uma obra pioneira. Uma beleza. Penso nisso quando imagino o dicionário informal de certos best-sellers portugueses; parece que a ideia, hoje, não é a de usar o tesouro e os mestres da nossa língua, mas a de, por preguiça (“e para ser entendido”) banalizar e empobrecer orgulhosamente a escrita. Ao folhear os manuais de Português vejo a mesma pobreza. É um legado muito triste.

Da coluna diária do CM.

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