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Nunca imaginei que um governo mandaria retirar livros das prateleiras dos supermercados, nem em nome da concorrência. As perdas no mercado editorial, em 2020, foram da ordem dos 17%. Talvez seja bom lembrar que a indústria da edição (que junta autores, editores, impressores, tradutores, livreiros, designers, distribuidores) é o maior contribuinte das chamadas “indústrias culturais”, quer em valor, quer em emprego, quer em exportação além de desempenhar um papel central nas nossas vidas, na nossa cultura e na nossa língua e identidade. Nem que fosse por motivos simbólicos, a proibição de venda de livros nos supermercados, nas lojas dos correios, seja onde for, seria um gesto importante para a edição, uma área da cultura que não recebe apoios do Estado e que, apesar de tudo, sobrevive e cumpre um papel essencial nas nossas vidas. A batalha pelo livro não pode ser apenas vista como um “problema do comércio retalhista”. Que o Ministério da Cultura não entre em campo a defender o livro, não me surpreende, infelizmente. Que o governo o faça desta forma brutal, é um sinal perigoso para todos.
Da coluna diária do CM.
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