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Tinha prometido não comentar mais o tema ‘pandemia’ – mas é impossível ver deslizar os números catastróficos dos últimos dias. Um raide diário de mais de 100 mortos desenha essa catástrofe com crueza bastante e, na minha idade, já não tenho paciência nem para “negacionistas” da gravidade do vírus, nem para propagandistas das virtudes da Dra. Graça e do Dr. Costa. Posso compreender ambos – mas com dificuldade. O país ultrapassou ontem a barreira dos 150 mortos: não é uma barreira, é uma crueldade que não admite desculpas daqui em diante. 155 mortos em Portugal correspondem aritmeticamente a 3226 no Brasil e, para simplificar, a 5003 nos EUA (números que as televisões exibiram como uma vergonha universal em dois países dirigidos por que se sabe). As contas, feitas assim, são injustas e maldosas, certamente – mas dão uma ideia de como as coisas foram efetivamente mal geridas. Tão maldoso e injustificado como dizer que a culpa pela desgraça é “dos portugueses”. Nós, cidadãos, não somos epidemiologistas nem decisores políticos. Mas sabemos reconhecer um desastre quando está à nossa frente.
Da coluna diária do CM.
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