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Saul Bellow, um dos grandes mestres do século XX, escreveu na altura o prefácio a The Closing of the American Mind, de Allan Bloom (A Cultura Inculta na tradução portuguesa). No fundo, Bloom alertava para as consequências do fomento da ignorância, da superficialidade e da incultura promovidas pelo sistema escolar – uma sociedade sem regras, sem ponderação, sem sensatez. No fundo, previu um Trump na Casa Branca – um entre muitos. Inculto, nababo, obsessivo, mimado, sem leituras nem conhecimentos de História, nem de Ciência, nem de urbanidade, modelado pelo poder do dinheiro e dos desejos individuais. Não estou a fazer discurso moralista. As reformas escolares das décadas de 70 e 80 (muito modernas, destinadas a facilitar a vida aos meninos) produziram, em larga escala, camadas deploráveis de gente assim. Ao contrário do que pensavam esses reformadores – que torpedearam a cultura geral, o estudo e a exigência –, o género humano, sempre que pode, desce de nível, fomenta a preguiça inteletual, promove o que há de pior em cada momento. Lá como cá, não sei se me entendem.
Da coluna diária do CM.
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